sábado, 29 de dezembro de 2012

resolução de ano-novo

postei minhas resoluções de ano novo no facebook. pensei nas coisas que tenho e nas coisas que ainda não tenho, mas que gostaria muito mesmo de ter. sempre achei que não valia, nessas listas, incluir a cláusula "manter o que já tenho de bom", então pra mim ela está sempre implícita. ou seja. as resoluções de ano novo que faço são, em geral, o que mais eu quero conquistar, além do que já tenho.

e disse lá:

1. defender o mestrado com sucesso
2. continuar fazendo pesquisa depois disso
3. passar na seleção do doutorado

fim. três resoluções, que eu também não sou fã de me frustrar no final do ano que vem lendo uma lista quilométrica de coisas que eu não criei condições para que acontecessem. então estão aí minhas resoluções; resoluções pelas quais tenho trabalhado nos últimos três anos da minha vida; resoluções que criei condições para que aconteçam. não são dadas, porém, mas são minhas três metas.

daí que uma amiga comentou que ué, você só tem resoluções profissionais? hmm. é. acho que sim. ela me deu alguns exemplos de coisas que eu poderia incluir, como viajar mais ou conhecer lugares novos. hmm. não. acho que não. eu viajo com certa frequência que me agrada (e conheço quem ame a vida de viajar muito, mas muito mesmo, a trabalho; só que essa pessoa não sou eu; eu gosto de ter minha casa, de ficar nela, de cuidar, curtir; gosto de ver amigues com regularidade, de conviver com a minha família e com a família do marido. quem diria, euzinha. pois é). conheço bastante lugares e os que estão próximos na lista não serão para o ano que vem. ou quem sabe. mas definitivamete não é uma prioridade que eu os conheça assim, logo.

então me lembrei de que quero começar a aprender árabe. o plano é estar quase fluente ou fluente em cinco anos. acontece que nem mesmo essa é uma resolução. por quê? oras, porque eu já tomei essa decisão, já fucei escolas de idiomas e preços. a matrícula é uma questão de tempo. eu quero, eu me organizei já pra fazer, eu vou fazer. ponto.

por outro lado, as resoluçõezinhas ali em cima estão mais ou menos na mesma vibe, exceto pela seleção do doutorado, que nem projeto eu tenho ainda. ou quase isso, se a ideia contar.

no fim das contas, me parece que eu não tenho exatamente resoluções de ano-novo. o marco do calendário é burocrático, arbitrário. sigo sem ele e já havia tomado estas decisões há tempos. é que elas vão acontecer só em 2013, ao que tudo indica.

por isso prefiro outro nome:
expectativas.

as resoluções são o ano inteiro. para o réveillon eu fico é com a expectativa.

feliz ano novo!

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

socióloga ou jornalista?

Já tinha lido algumas coisas sobre a ideia de um "duplo" de nós mesmos quando ganhei de aniversário, em 2009, um DVD do Bertolucci que continha o genial filme "Partner". Eu, que me identifico um pouco com muita gente e nunca tinha me identificado totalmente com quase ninguém, lembrei do "duplo" quando a conheci. Quer dizer, não quando a conheci, porque assim de primeira vista eu achei ela bem, bem irritante (claro, podem começar as análises psicanalíticas de por que alguém tão parecida comigo mesma me irritava tanto). Quando a conheci mesmo, e começamos a nos tornar amigas, aí sim: tive certeza de que ela era minha "dupla".

Se eu tivesse escolhido cursar jornalismo, ao invés de Ciências Sociais, acho que eu seria Jeanne Callegari.

Alguns momentos na vida parecem grandes bifurcações. Fazemos algumas escolhas que, quando paramos pra pensar, anos mais tarde, vemos que foram essenciais pra estarmos onde estamos, sermos que somos. Ter escolhido cursar ciências sociais foi uma destas, para mim. E foi só quando a conheci que comecei a pensar: não tinha notado que eu guardava essa curiosidade, de saber o que teria acontecido se eu tivesse estudado jornalismo. Uma curiosidade que eu nunca tive, mas que percebi que tinha tido quando pôde ser, em parte respondida. Eu não sei bem como explicar, mas às vezes tenho certeza de que somos a mesma pessoa.

Tenho outras amigas tão próximas quanto ela, é fato. A diferença é que além da proximidade, da intimidade de amiga, tenho mesmo é uma grande identificação - e, como não posso ignorar meu ego, uma grande admiração também - pela Jeanne. Encontrar com ela é o tipo de coisa que poderia, acho, provocar uma hecatombe no tempo-espaço. As coisas que eu gostaria de ter aprendido e que minha escolha pelas ciências sociais não me permitiu aprender, aprendi com ela, que escolheu o jornalismo. Das histórias dela de adolescência aprendo que ela levou sua punk interior mais a sério, como fiz com minha hippie - mas ambas nos habitavam e habitam ainda hoje. Isso pra não falar no amor pela poesia, que eu sempre tive e a vejo realizar de uma forma que escolho não fazer. Não agora. Pra compensar, tem o amor dela pelas perguntas, pela desconfiança, pela investigação. Jeanne seria uma ótima socióloga, se o destino de sermos "dupla" uma da outra não nos impedisse de sermos a mesma pessoa, o que significa em termos práticos que ela jamais de convencerá a ir pra esta área apesar do fascínio que por ela parece nutrir.

Eu acho que eu até daria uma boa Jeanne.
Quem sabe ela desse uma Marília melhor.

{Há outra coisa que me parece ficar cada vez mais próxima: ela é a Marília que vai ter filhos depois dos 30. Eu, provavelmente, nem tanto. Veremos.}

Hoje pra mim é dia de celebrar este encontro. De comemorar ter na Terra, primeiro, e depois no meu círculo de amizades muito, muito, muito próximas, uma pessoa que é em grande parte uma parte mim que deixei em algum lugar da história. É narcisístico, eu sei. Mas me conforta extremamente. Se o mundo estiver contra mim, eu sei que ela sempre vai entender meu lado. Mesmo quando não concordar (e me der broncas, toques e afins; alguns que só ela consegue, aliás). Eu, o dela.

Ainda bem que Jeanne existe. Fico feliz.

<3 Je <3