Confesso que acho gatos de raça lindos, em especial os Bengal, Maine Coon, Siameses. Confesso também, porém, que me incomoda muito a ideia de fazer disso um negócio: os gatis. Me incomoda a ideia de comprar um animal de estimação. Para mim, os animais de estimação sempre foram presentes da vida. Gatos, em especial. Eles escolhem viver comigo e eu, se posso, aceito cuidar deles.
Meus quatro gatos vieram com a vida. Quando conheci meu marido ele tinha uma gata, a Mafalda, que estava prestes a ter sua primeira ninhada. Desta ninhada sobraram dois gatinhos, dos quais cuidamos, mas que foram assassinados por vizinhos. Muito triste. Na segunda ninhada da Mafalda (sim, vacilamos com a castração na época), vieram o [Thomas] Hobbes, a Gertrude [Stein] e a Hannah [Arednt] (que depois foi rebatizada). Ficamos com o Hobbes, demos a Gertrude e a Hannah para dois amigos que queriam adotar. Infelizmente a Hannah sumiu e nem chegou a ir para a casa desse amigo. Continuávamos com a Mafalda.
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Primeira ninhada da Mafalda: Mindaugas e Tchorni |
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Mindaugas <3 |
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Mafalda e a segunda ninhada: Hobbes, Gertrude, Hannah |
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Hobbes <3 |
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Gertrude, quando era um neném <3 |
Mudamos de casa, nos casamos. Acostumamos Mafalda e Hobbes com o novo ambiente. A amiga que adotou a Gertrude ia se mudar para uma outra casa, e não poderia levar a gata. Re-adotamos Gertrude. A certa altura do campeonato, levaram Hobbes embora. Ficamos realmente chateados, ainda não tínhamos aprendido o truque mágico da cerca a 45º e do jeito que nossa casa é construída, mesmo com telas os gatos ainda poderiam escapar. Cuidamos das duas, mãe e filha.
Mafalda era siamesinha de cara escura; Gertrude siamesinha branca e cinza. Um dia volto de uma reunião e vejo virem, miando, de longe, uma gata siamesa e um filhote branquinho. Parecia que eu tinha voltado no tempo. Acolhi o filhote e, quando abro a porta do escritório, lá está outro filhote, rajadinho. Meu marido havia encontrado a gata com a ninhada e pegado um dos filhotes, pra adotarmos no lugar do Hobbes, que também era todo tigrado. Deixei a gata entrar pra dar de mamar aos dois pequenos, depois coloquei-a para fora. De repente escuto um miadinho na porta de casa. Era ela, com um terceiro filhote. Deixei ela entrar e levar o filhote para onde estavam os outros, enquanto Mafalda e Gertrude estavam fechadas em outro quarto. Ela deu de mamar novamente e saiu. Mais alguns minutos, outro miadinho. Ela vinha com o quarto filhote na boca. E escutei, olhei para o lado: havia um quinto, saindo debaixo da minha máquina de lavar. Pronto, eu tinha aceitado, sem querer, cuidar da gata e da ninhada, e achar potenciais donos.
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Nessa época, a hora da bóia era assim aqui em casa... (o Mignon era o único que já tinha sido adotado) |
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Eu, Ludovica e Papaguena |
Mafalda é um caso à parte, que me traz na memória muito arrependimento de coisas que fizemos de errado ao deixar a gata entrar com a ninhada. No fim das contas ela mudou de casa, embora viesse nos visitar. Depois de um tempo foi envenenada. Chorei muito, errei muito com ela. Este é assunto pra outro post.
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Gertrude mamãe, carregando Berlioz |
Resumo da ópera: ficamos com Gertrude, Papaguena e Berlioz.
Até a semana passada.
Chegamos de viagem e descobrimos que nossa casa tinha um novo habitante. Depois de descobrirmos que ele não tinha casa - talvez tenha sido abandonado pelos donos em mudança, talvez tenha sido largado aqui; não sabemos - batizamos de [Jean-Michel] Basquiat. E agora, de repente, temos quatro gatos. Todos presentinhos que a vida me deu e eu aceitei. Gatos que carregam histórias, minhas e deles mesmos. Gatos que vocês vão acompanhar ao longo da existência desse blog.
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