sábado, 9 de fevereiro de 2013

Dissertação em mãos... da banca!

Eis que termino a dissertação. Uma verdadeira jornada. Me vejo com um calhamaço - ou melhor, dois - de 200 páginas na fila do correio. Posto um sedex pra cada membro da minha banca e torço pra chegar logo. Sou toda ansiedade. Esses dias foram tensos.

Tensos porque precisava terminar tudo. Tensos porque, ao mesmo tempo, começaram as aulas numa escola, fui contratada em outra e começaram as aulas nessa segunda. Gente. Cêis não têm noção. Além disso, tenho feito um trabalho com livros didáticos de sociologia. Imaginem como eu estava. A ponto de ter uma conversa com meu marido, pedindo muita paciência comigo nesses dias.

Esse é o primeiro sábado desde Dezembro que eu posso escolher, de fato, se vou trabalhar um pouco ou não.

(e escolhi que não, claro; ando precisando)

Agora é a espera. Amigos, parentes, conhecidos e conhecidas, que já estão com o arquivo em seus computadores ou caixas de email, talvez em breve mandem comentários. Observações. Por enquanto só ouvi elogios aos agradecimentos que escrevi. Eles são importantes e fiquei feliz. Mas ficarei ainda mais contente quando alguém quiser discutir meus cálculos, interpretações gráficas, entrevistas de pesquisa. Porque foram infinitamente mais trabalhosos. Demorei três anos para fazê-los, sabem.

É essa minha ansiedade que me deixa meio amarga. Mas meio doce. Esperando. Torcendo. Querendo ver, mas do que uma aprovação, onde é que eu errei. Quero saber qual a falha que não vejo. Quero saber onde dava pra ter sido melhor. O processo é esse: surra no ego, que se recupera, calejadinho, e vai ficando mais forte (para o azar de vocês, meu povo).

Eu já achei que queria ser a pessoa mais inteligente do mundo. Hoje eu penso que só um pouco mais inteligente, por vez, já está bom.

Vejamos como me saio.

5 comentários:

  1. Bom dia Marília,

    agora, sim, o sentimento de alívio deve estar completo. Como você não quis revelar a tua banca (rs), fui obrigado a procurar no site da FE, e notei como entre a(o)s diversa(o)s candidata(o)s, você é a que, de longe, mais "explicitou" um diálogo acadêmico com a USP - e, ainda mais curiosamente, o fez justamente com duas pessoas das ciências sociais.

    Seja como for, não te "culpo" por serem duas mulheres, haja vista que o tema gênero é pouco pesquisado por homens neste país - no entanto, não pude deixar de pensar que seria interessante ter uma perspectiva feminina e outra masculina te arguindo.

    Suponho que, para você, este carnaval seja de merecidíssimo descanso - aproveite e refresque a cabeça (e fuja das músicas!).

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  2. Caro Anônimo, eu havia me esquecido de te responder sobre a banca, rs. :) Que bom que a informação é pública, hehe.

    Uma das professoras da banca (Balbachevsky) veio na minha qualificação, porque trabalha com o ensino superior há bastante tempo, e a outra tem experiência num dos métodos com que trabalho, e que não é muita gente que conhece no Brasil, e está ligada à discussão sobre a carreira acadêmica também. Nenhuma delas foi escolhida por ser mulher.

    Será que, se fosse um trabalho sobre qualquer assunto, numa banca só de homens, você sentiria "falta de uma perspectiva feminina"? É bom checar o próprio machismo de vez em quando. Quando a gente acha que um grupo só de homens tem uma perspectiva "universal" e um grupo de mulheres tem uma perspectiva "feminina", a gente está reproduzindo machismo. Nem mulheres, nem homens jamais terão perspectivas universais. Minha banca não está, em absoluto, "limitada" por estar composta só de mulheres. Ainda bem que você não acha que isso representa alguma "culpa"; já pensou que machista seria da sua parte?

    Até mais.

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  3. Cara Marília,

    achei que estivesse bastante claro no meu comentário que, aparentemente, a tua indicação da banca não se dera por serem mulheres. Agora, devo dizer que o seu último parágrafo me deixou seriamente em dúvida mas, se bem entendi, estou isento de me preocupar com o meu machismo, haja vista que não atribuí culpa a ninguém pela composição de gênero da banca. ;-)

    Agora, permita-me discordar em um ponto: enquanto sociólogo, a questão é que só pensei na "perspectiva" de gênero, tomando-os de maneira dualista - e deixe-me fazer a ressalva de que em momento algum remeti a uma "falta de perspectiva", apenas disse que poderia ser interessante acrescentar outra -, precisamente por não se tratar de um trabalho sobre qualquer assunto mas, sim, de ele tematizar a questão de gênero. Ou seja, de modo algum o objetivo era generalizar (e é óbvio que qualquer discurso de universalidade "absoluta", seja ele moderno ou pós-moderno, é de uma pobreza política e intelectual enorme) mas, antes, pensar que essa especificidade talvez tornasse interessante uma composição da banca orientada por um critério desses contanto, é claro, que viesse após o critério acadêmico. Afinal, mesmo os limites que o Weber coloca à objetividade nascem, em primeira instância, de subjetividade no momento da escolha do tema, e penso que isso está implícito em todos esses aspectos.

    Será que esclareci um pouco?

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  4. Caro Anônimo, obrigada pelo esclarecimento! :) Mas, pense comigo: quando alguém apresenta um trabalho científico sobre, digamos, sindicatos, a gente sente falta da perspectiva de um líder sindical ou trabalhador sindicalizado na banca? :)

    (ah, seus comentários aqui são muito bem vindos sempre, sobretudo porque costumam ser instigantes! não despareça, hein? estou só tentando provocar a reflexão)

    Abraço!

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  5. Marília,

    ainda bem que você também está gostando do diálogo. A divergência que tenho quanto ao teu último exemplo, que é bastante pertinente, é precisamente o critério acadêmico que tanto você quanto eu colocamos anteriormente. Ou seja, o mais "decisivo" ou "relevante" em termos de uma composição da banca é a medida em que as pessoas escolhidas - obviamente supondo-se um mínimo de autonomia do campo, para falar com um autor que provavelmente te é bastante próximo - estarão lá por deterem e partilharem de determinados pressupostos acadêmicos.

    Agora, se é fato que inexiste "perspectiva" ou "ponto de vista" universal, no caso do gênero, que dê a um ou outro (isso pensando apenas de maneira dualista!) a preponderância, a categoria gênero ainda se faz presente de maneira transversal, e o mesmo não vale para o líder sindical, nem para o deputado (no caso de um trabalho sobre práticas legislativas) ou o juiz (se alguém estudasse a magistratura do ponto de vista sociológico). Assim, em toda e qualquer banca o problema da composição de gênero pode, a meu ver, ser colocado em debate (novamente: respeitado o critério acadêmico), e em um trabalho cujo tema ainda por cima seja o gênero, isso se torna ainda mais flagrante.

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