quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

o curso é "muito teórico"?

Uma pessoa que conheço prestou vestibular e foi aprovada nas três universidades estaduais paulistas e em uma universidade privada de ponta no Rio de Janeiro. Em dúvida sobre o que escolher, me fez algumas perguntas sobre a Unicamp. Como é o bairro? Quanto custa o aluguel aí perto? Como encontro vagas em república? Como é a estrutura da universidade? Etc. etc. etc. Fomos conversando, até que ela chegou numa pergunta que já ouvi muitas, muitas vezes (e que provavelmente, antes de entrar na universidade, também fiz outras tantas): o curso não é muito "teórico", pouco voltado "ao mercado de trabalho"?

Hm. Interessante. Me lembrei de quando eu mesma pensava assim, opondo essas duas coisas que, na prática, não são nada opostas.

Eu poderia discorrer aqui sobre todo um mercado de trabalho voltado a pesquisadores e cientistas, que também é mercado de trabalho. Mas, sejamos legais, eu entendi o que minha conhecida quis dizer. Ela queria saber do mercado de trabalho corporativo. Ela queria saber se a formação que ela receberia na Unicamp seria adequada ao trabalho técnico ou administrativo que ela pretende exercer em empresas.

Me pergunto de onde vem essa ideia nossa, no senso comum, de que a formação com uma base teórica forte não é adequada ao mercado corporativo. Basta observar as seleções de quadros profissionais em grandes empresas, como os processos para trainees. Em geral as pessoas com diplomas de universidades que se concentram sobre teoria e pesquisa é que são selecionadas. Isso é resultado de uma forma de pensar muito simples e muito lógica dos grandes empregadores: a técnica pode ser aprendida em treinamento; a teoria é muito mais custosa. Além disso, muitas vezes sem a base teórica sólida, o profissional sequer consegue executar a parte técnica e administrativa, a não ser que seja um apertador de botões ou algo que o valha - mas não imagino que seja essa a ambição dessa colega (e não desmereço, também, a atuação de apertadores de botões).

Por esse motivo, aviso aos que têm essa inquietação: aproveitem a teoria que está sendo trabalhada na universidade; depois você terá a vida inteira pra aperfeiçoar a técnica.

;)

2 comentários:

  1. Marília,

    concordo contigo que essa questão da "teoricidade" do curso é bastante bizarra (apesar de frequente), fruto da nossa incapacidade escolar (no sentido lato e stricto) em compreender de modo tão limitada a relação intrínseca entre a teoria e a prática. E, curiosamente, como você bem disse, é algo especialmente estranho considerando-se que expressa o quanto, no fundo, ignoramos a realidade empírica (ou, talvez, o quanto as pessoas façam coisas cotidianamente sem refletir!).

    Quanto à tua amiga, é outro caso duplamente curioso. Se ela quer fazer FGV, penso que, ao fim e ao cabo, talvez sequer se interesse por ciências sociais...rs. Agora, e aqui reconheço minha ortodoxia, caso não, parece-me que ainda não há (tantas) dúvidas de que deveria escolher a USP e pronto, tanto pela instituição quanto, também tem um pouco desse fator, pela cidade (obviamente apenas em contraposição a Barão Geraldo, apesar de haver lá um ou outro defendendo).

    Por fim, a essa altura do campeonato ou você já é mestre ou falta muito pouco, assim espero.

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  2. Caro/a Anônimo/a,

    minha amiga prestou vestibular para economia, hehe! :) A ideia dela é realmente trabalhar no mercado corporativo, consultorias, bancos, etc. Então compreendo a preocupação dela.

    Mas por que alguém deveria "escolher a USP e pronto" caso se interessasse por ciências sociais? :)

    Sim, sou mestre agora! Pela Unicamp, com muito orgulho! rs

    Abraço!

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